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" VELHO
CASARÃO "
( Poesia )
Maria de Fátima Queiroz Pinho Matvichuc
( Fátima Queiroz )
Na esquina da velha rua
De uma época de histórias
Lá está ele sob a luz da lua
Fantasma de uma realidade nua e crua
Silente guardião de sonhos e memórias.
Suas janelas, olhos enormes, espreitam com tristeza
Percorrendo toda a extensão da praça
A procura de um passado de grandeza
Que o tempo consumiu, restando o sentimento e a
nobreza
Nele eternizados como herança de glória e graça.
Construção imponente, secular
Escadaria frontal, toda em mármore de Carrara
Portões de ferro com sinos dourados a cintilar e
tilintar
Que ao se abrirem deixavam a vida passar e rolar
E o perfume dos jardins ali se impregnara e ficara.
Ao longo do corredor sons de acordes se ouviam
Os retratos na parede tinham vida e movimento
E seus olhares sempre atentos nos seguiam
Damas e cavalheiros nos sorriam
Mudando as expressões a cada momento.
No silêncio dos tapetes, no suave caminhar
Palavras de amor brotavam na melodia de um canto
Risos alegres, sons de vestidos de seda a farfalhar
A música crescia e começava a se espalhar
Pelo velho casarão com sua magia e encanto.
No grande salão, com paredes de couro lavrado
Um piano de cauda já calado, espiava
As poltronas de veludo vermelho, espaldar alto e
frisos dourados
E as flores nos vasos luxuriantes e um candelabro
todo iluminado
Era uma época, em que o homem ainda sonhava e
amava.
Época que se desgastou e tristemente passou
Hoje o velho casarão quase em ruínas, desbotado
Seus portões enferrujados, sinos calados, o sonho
acabou
Dele quase nada restou, só a saudade
ficou
O mato invadiu os jardins, a varanda, tudo morto,
arruinado.
Mas, ficarás bem protegido, nas muralhas da minha
mente
Abraçado à minha alma, dentro do meu coração
Não te esquecerei jamais, estarás sempre presente
Guardarei a tua imagem toda vida, eternamente
Meu amado tão querido, te bendigo meu heróico e
Velho Casarão !
(Dedico essa poesia a todas as gerações da Família Queiroz, que através dos tempos viveram e resgataram sua história na velha Paríntins - AM).
(Poesia publicada na Coletânea “Letras no Brasil VI” pela Taba Cultural Editora 2004 – Rio de Janeiro – Páginas 60 e 61).
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